Como é possível chegar à vida propriamente se os
entulhos dificultam enormemente a passagem e as mediações são como
pregas coladas ao corpo, que nem permitem a brisa embalar com seu
frescor?
Parece que temos uma enorme responsabilidade que nos
penetra em todos os poros , fazendo com que tenhamos que planejar tudo ,
desdobramento inevitável para um acerto de medidas, ou seja, é
preciso com precisão, colocar tudo na régua, perguntar com insistência
se cabe, o quanto cabe ou não, enfim, uma mesura que regula os passos, evitando os buracos que carregamos a todo tempo.
O temor a cair
tem passado tão discretamente como tema clínico, que sua única
manifestação sólida tem sido a depressão, lugar difícil, por excesso
de seriedade, onde a vida fica amuada, triste, emudecida, e onde o
sol fica tênue a olhos vistos.
Mas o que a vida tem de tão séria ? O
que nos assusta tanto que contrapomos com a seriedade , como se por ela
tivéssemos melhor capacitados ao imprevisível?
Páginas
sábado, 18 de outubro de 2014
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
A ESTRUTURA DO ROMANCE – Edwin Muir
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
1
Há muito tempo eu tinha vontade de ler algo sobre crítica e análise literária. E graças à generosidade de uma amiga, que me presenteou com esse livro, pude saciar esse desejo!
Achei a leitura muito interessante, me ajudou a captar um pouco desse “olhar literário” que eu queria descobrir. Vou colocar aqui bem resumidinho as principais coisas que aprendi.
O autor formula um sistema teórico que pode não ser o definitivo, mas é bem válido. Ele percebe os romances como estruturados principalmente em função do tempo ou do espaço.
Marcadores:
Análise Literária,
Fabio Shiva,
Resenha
Recortes
Recortar é se incomodar. É um modo de sublinhar, como a dar
relevância ou interrupção de sequência, caso em que se instaura um outro
cenário a ser explorado. Como relevância é uma maior proximidade do olhar, um
desejo de penetração mais apurado, um apelo significativo à memória como
fixação, um alerta contra o esquecimento e um compromisso com o depois, sinal
de que, se não for assim, algo se perderá.
Há aí uma tensão contra o tempo que apaga, uma competição na
agenda da memória e uma requisição com aura de inadiável, que faz com que a
mobilização suba o limiar usual da atenção, para que o destaque brilhe de forma
diferencial.
Marcadores:
Alexandre Bhering,
Prosa poética,
Reflexões
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
O tempo do sim - Anorkinda
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
0
O TEMPO DO SIM
Porque chegaste tempo... sempre misterioso, efêmero, passageiro. Enigma.
Chegaste tempo do sim... sempre dadivoso, abundante, hospedeiro. Benigno.
Porque chegaste, sim... chegaste com o vento da mudança, com o sol da temperança. Digno.
Chegaste, sim... chegaste... com a mão estendida, com a vida refeita. Paradigma.
Porque chegaste pra querer o mais belo... pra vigorar como o broto singelo daquela flor do amor... Estigma
Anorkinda
sexta-feira, 3 de outubro de 2014
Reflexões sobre a cegueira
sexta-feira, 3 de outubro de 2014
0
Atenção: contém informações que alguns leitores podem considerar como spoilers.
A cegueira causada pela ausência de "percepção filosófica" está arraigada no cotidiano terreno de todos os membros ditos normais da sociedade, tendo sido isso muito bem demonstrado em Ensaio sobre a Cegueira. O texto do livro compõe uma espécie de parábola, que, como convém a esse tipo de literatura, é dissertado através de metáforas e simbolismos.É interessante observar que parte da sinopse da estória de Saramago pode ser vista como um dos aspectos da evolução cultural de uma sociedade. Então, vejamos: um homem é acometido por uma luz inexplicável que obstrui sua visão. A cegueira radiante passa a contagiar os que miram seu olhar, fazendo
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| Seres humanos: imitadores cegos do que dita a cultura? |
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
A Vida e Morte de um Amante de Livros – Ben Oliveira
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
3
Suas mãos coçavam com a vontade de segurar aqueles livros. Precisava ler todos. Desejava possuí-los. Gastava o dinheiro que lhe faria falta. Preferia ficar sem comer a ter que abrir mão do seu vício.
O corpo inteiro tremia de excitação só de imaginar qual seria a sensação de tê-los na sua estante. Não gostava de organizá-los em ordem alfabética, cores, tamanhos, gêneros – nada disso, gostava de como eles contrastavam e ao mesmo tempo ficavam tão bem juntos. Sentia-se realizado ao observá-los.
Livros. Adorava livros. Modernos, antigos, usados, novos, pequenos, grandes, densos, literários, técnicos. Havia algo mágico neles que o fazia sentir tanta vontade de continuar lendo e lendo, como quando você está comendo um prato tão gostoso que não consegue parar até que não reste nada e quando termina a refeição, gostaria de mais e mais. Antes mesmo de terminar uma leitura, já estava de olho em outro livro. Nostalgia e alívio se misturavam dentro dele e quando segurava sua próxima vítima, era possível ouvir o seu coração batendo com força, um sorriso cheio de vida se formando no rosto e o processo recomeçava. Tudo igual e tudo diferente.
A sensação era única demais para conseguir descrever com clareza. Nem mesmo suas companheiras letras podiam ajudá-lo. Era como nascer, viver, viajar, experimentar, conhecer, morrer, diversas vezes, em um loop infinito.
O corpo inteiro tremia de excitação só de imaginar qual seria a sensação de tê-los na sua estante. Não gostava de organizá-los em ordem alfabética, cores, tamanhos, gêneros – nada disso, gostava de como eles contrastavam e ao mesmo tempo ficavam tão bem juntos. Sentia-se realizado ao observá-los.
Livros. Adorava livros. Modernos, antigos, usados, novos, pequenos, grandes, densos, literários, técnicos. Havia algo mágico neles que o fazia sentir tanta vontade de continuar lendo e lendo, como quando você está comendo um prato tão gostoso que não consegue parar até que não reste nada e quando termina a refeição, gostaria de mais e mais. Antes mesmo de terminar uma leitura, já estava de olho em outro livro. Nostalgia e alívio se misturavam dentro dele e quando segurava sua próxima vítima, era possível ouvir o seu coração batendo com força, um sorriso cheio de vida se formando no rosto e o processo recomeçava. Tudo igual e tudo diferente.
A sensação era única demais para conseguir descrever com clareza. Nem mesmo suas companheiras letras podiam ajudá-lo. Era como nascer, viver, viajar, experimentar, conhecer, morrer, diversas vezes, em um loop infinito.
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