segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A ESTRUTURA DO ROMANCE – Edwin Muir

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Há muito tempo eu tinha vontade de ler algo sobre crítica e análise literária. E graças à generosidade de uma amiga, que me presenteou com esse livro, pude saciar esse desejo!

Achei a leitura muito interessante, me ajudou a captar um pouco desse “olhar literário” que eu queria descobrir. Vou colocar aqui bem resumidinho as principais coisas que aprendi.

O autor formula um sistema teórico que pode não ser o definitivo, mas é bem válido. Ele percebe os romances como estruturados principalmente em função do tempo ou do espaço.

Na primeira categoria está o chamado “romance dramático”, que gira em torno de alguma modificação que ocorre com os personagens, daí o fator tempo ser fundamental. Fiquei com vontade de ler “O Morro dos Ventos Uivantes” de tanto que foi louvado como belo exemplo de romance dramático.

Na segunda categoria está o “romance de personagem”, que distribui uma sequência de cenas mais no espaço que no tempo, pois os personagens praticamente não sofrem alterações no decorrer da história. Os livros de Dickens foram muito citados nessa categoria e também o “Vanity Fair” de Thackeray.

Uma outra forma de estruturar o romance através do tempo é chamada pelo autor de “crônica”, o que tem e não tem a ver com o conceito que comumente fazemos de uma crônica. Aqui o tempo é uma força impessoal, e não um coadjuvante dramático. Exemplo: “Guerra e Paz” do Tolstoi.

Outras formas de estrutura são citadas: o “romance epocal” que Edwin Muir corretamente profetiza que está para desaparecer, pois nenhum dos livros citados nessa categoria me pareceu familiar (o livro é de 1928). Essa categoria baseia-se mais numa descrição acurada de um evento que marca uma época (tal como a invenção do automóvel) que numa história em si.

Muito interessante foi a interpretação que Muir fez de “Em Busca do Tempo Perdido” de Proust e do “Ulisses” de James Joyce, cada um sendo o único representante de sua categoria própria. Sobretudo por ter começado a ler “Ulisses” agora, gostei muito. Na descrição de Muir (em que vi ecos do grande fã de Joyce, Anthony Burgess), “Ulisses” é um fracasso genial!!! Como disse Burgess, somente os grandes têm falhas interessantes...

Valeu muito a pena ler esse livro!!! Recomendo a todos que desejem aprofundar suas leituras e também, por que não, seus escritos.

Edwin Muir

1 comentários:

Sergio Carmach disse...

Esse tipo de artigo é muito interessante, pois dá certa tecnicidade a algumas impressões que desenvolvemos apenas de maneira empírica. Lendo o texto, percebi que prefiro os romances dramáticos a qualquer outro. Aliás, durante muito tempo citei "O Morro dos Ventos Uivantes" como meu livro preferido. Pela classificação proposta por Muir, acredito que outra obra adorada por mim, "Cem Anos de Solidão", também possa ser considerada um romance dramático. Ou não? Abraços!

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